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Projetos de expansão da Fibria e Eldorado desafiam mercado 6l2m43

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As <>> concorrentes Fibria e Eldorado Brasil Celulose estão avançando em seus projetos de expansão, que juntos adicionarão, entre a segunda metade de 2016 e o início de 2017, mais de 4 milhões de toneladas anuais de celulose de eucalipto a um mercado que cresce em média, mundialmente, 1 milhão de toneladas por ano. Embora a execução no prazo originalmente previsto ainda seja incerta, a entrada em operação das novas fábricas, com investimento total superior a R$ 12 bilhões, em um curtíssimo intervalo de tempo, poderá trazer consequências “desastrosas” para os preços da matéria-prima, segundo profissionais que acompanham a indústria.

A percepção é a de que haveria espaço para uma nova fábrica naquele período e, de 20 a 24 meses depois, para outro projeto de grande dimensão. “A situação pode ficar bem complicada se as duas chegarem ao mesmo tempo”, disse uma fonte, lembrando que mais dois projetos, da CMPC Celulose Riograndense e da Klabin, entrarão em operação até 2016.

Neste momento, as atenções estão voltadas ao desenrolar dos projetos a Fibria ainda não tem o aval do conselho de istração para seguir adiante e a Eldorado não fechou o financiamento da nova linha – e a um eventual desdobramento que esse cenário de sobre oferta possa ter nas decisões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal financiador do setor de celulose e papel no país.

Além disso, há expectativa quanto à possível combinação de ativos das companhias, embora neste momento não exista negociação em andamento, segundo apurou o Valor. Desde 2010, quando houve de fato uma tentativa de conversa entre o grupo Votorantim, que controla a Fibria junto com a BNDESPar, e a família Batista, dona da Eldorado, circulam informações sobre supostas tratativas entre os acionistas.

Outra aproximação teria ocorrido mais recentemente, segundo uma fonte, porém não houve entendimento quanto ao valor dos ativos. Dentro do próprio BNDES haveria uma corrente que defende a consolidação, com a constituição de uma grande exportadora brasileira de celulose. Agora, com a perspectiva de início de construção das novas fábricas, o assunto volta com força ao mercado.

A preocupação entre os produtores com o que chamam de “crescimento indisciplinado” da oferta não é recente. Há quase um ano, em evento do setor em São Paulo, o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, pediu publicamente que o BNDES organizasse a “fila” de novos projetos, sob o risco de destruição de valor se o ritmo de inaugurações fosse mantido – a própria Suzano colocou uma nova fábrica em operação, de 1,5 milhão de toneladas por ano, em dezembro. O alerta de Schalka veio logo após o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, ter reiterado seus planos de expansão até 2020, com mais duas linhas de produção em Três Lagoas (MS).

Procurado para comentar eventuais impactos da superposição dos projetos, o BNDES informou, por meio de assessoria de imprensa, que não comenta “casos específicos de empresas” e “só se manifesta quando aprova ou contrata alguma operação”. A instituição informou que a carteira ativa atual do Departamento de Indústria de Base Florestal Plantada é composta por 49 operações, que totalizam R$ 14,73 bilhões em financiamentos, entre projetos contratados, aprovados, em análise, enquadrados e em perspectiva, para os segmentos de celulose, papel, florestas plantadas e painéis de madeira (ver gráfico).

Maior produtora mundial de celulose de eucalipto, a Fibria tem capacidade instalada de 5,3 milhões de toneladas por ano e planeja construir nova linha em Três Lagoas, de 1,8 milhão de toneladas por ano, com investimento não superior a US$ 2 bilhões. O projeto, cuja engenharia básica já está pronta, deve ser submetido à aprovação do conselho entre agosto e setembro, apurou o Valor. Procurada, a companhia não se pronunciou sobre o assunto por estar em período de silêncio.

No mesmo município, a Eldorado tem uma fábrica de 1,5 milhão de toneladas que entrou em operação em novembro de 2012 e pretende investir R$ 8 bilhões para instalar a segunda linha, com capacidade para até 2,3 milhões de toneladas por ano. Em junho, a companhia, que é controlada pela J&F, dona da JBS, e tem os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa) como acionistas, informou que iniciaria a terraplenagem ainda neste mês. A engenharia básica foi contratada e o projeto já tem licença de instalação. Procurada, a Eldorado informou que não há novidade sobre a estrutura de capital para a expansão.

Os projetos fazem parte de um universo de R$ 26 bilhões em aportes que podem ser executados pela indústria de celulose e papel entre 2014 e 2017, de acordo com estudo realizado periodicamente pelo BNDES sobre perspectivas de investimento. Esse valor embute crescimento de 41% na comparação com os R$ 18 bilhões investidos entre 2009 e 2012.

Embora compartilhem o foco em projetos de crescimento, Fibria e Eldorado vivem momentos distintos. Constituída em 2009, a partir da incorporação da Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel (V), a Fibria nasceu com dívida líquida superior a R$ 13 bilhões, que correspondia a mais de sete vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Desde então, congelou planos de expansão, vendeu ativos, arrumou a casa e reconquistou o grau de investimento. No fim de março, tinha dívida líquida de R$ 6,97 bilhões e a alavancagem financeira era de 2,4 vezes.

A Eldorado ainda exibe no balanço financeiro o impacto do investimento de R$ 6,2 bilhões na primeira fábrica, porém segue firme no desejo de ganhar musculatura. No fim do ano ado, a dívida líquida da companhia, de R$ 6,574 bilhões, correspondia a cerca de 14 vezes o Ebitda. Essa alavancagem e custos elevados com madeira teriam pesado na decisão da Previ de não entrar no quadro de acionistas da Eldorado, em operação que seria acompanhada de novos aportes de Petros e Funcef e que financiaria uma parte do projeto de crescimento.

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