O futuro do tissue entre inovação e consciência verde 6x505a
Por Luciana Dobuchak, diretora de Varejo e Marketing da IPEL 572u4x

A 5ª edição do Tissue Summit, evento que reuniu especialistas e líderes do setor, destacou dois temas que estão cada vez mais presentes nas discussões da indústria de papel tissue: resiliência e inovação. Esses conceitos têm se mostrado determinantes para o sucesso e adaptação do setor, que se vê desafiado a se reinventar constantemente para continuar relevante e atender às necessidades de um público em transformação. 2p6u15
Dados da IBÁ revelam que, nos últimos 15 anos, o consumo de produtos do setor no Brasil, como toalhas de papel, guardanapos e papéis higiênicos, cresceu 56,3%. Esse aumento expressivo é reflexo de uma demanda crescente por soluções de higiene e bem-estar. No entanto, à medida que a indústria cresce, novas questões emergem, como sustentabilidade, evolução nas preferências do consumidor e a integração de novas tecnologias, temas que precisam ser abordados para garantir um futuro promissor.
A sustentabilidade tem sido uma questão de grande relevância para o setor. O evento discutiu a urgência de adotar práticas mais responsáveis, como o uso de fibras recicladas, embalagens biodegradáveis e a promoção da economia circular. Estudos apontam que consumidores brasileiros estão cada vez mais exigentes quanto às práticas ambientais das empresas. Uma pesquisa da La Vulca e Netquest, por exemplo, revelou que 92% dos brasileiros preferem produtos que se biodegradam rapidamente, em comparação com os plásticos convencionais, que podem levar mais de 400 anos para se decompor.
Com um público cada vez mais consciente do impacto ambiental das suas escolhas, a pressão sobre os fabricantes para oferecer produtos mais sustentáveis aumenta. De acordo com a mesma pesquisa, 64% dos consumidores já deixaram de consumir uma marca por esta não adotar práticas ambientais adequadas. Esse cenário impõe um desafio direto aos fabricantes, que precisam alinhar sua produção a essas novas exigências, incorporando soluções como o uso de celulose de fontes certificadas e investindo em tecnologias que minimizem os impactos ambientais.
Outro ponto discutido no evento foi a mudança nas preferências do consumidor. Embora uma parcela significativa da população ainda não esteja disposta a pagar mais por produtos sustentáveis, há uma crescente demanda por itens , que atendem a critérios como maior qualidade, maciez e responsabilidade ambiental. Esse movimento pode ser encarado como uma oportunidade para os fabricantes se posicionarem estrategicamente, oferecendo produtos diferenciados que atendem a essas novas expectativas.
Além disso, a recuperação do setor pós-pandemia, com a volta ao trabalho presencial, tem impactado positivamente a demanda por produtos institucionais. No mercado B2B, o segmento de AFH (away from home) tem mostrado sinais de crescimento, enquanto o foco na higiene e segurança continua em alta. Um estudo da Universidade de Doha, no Catar, analisou organizações em 27 países da União Europeia de 2013 a 2024 e descobriu que empresas que adotam iniciativas sustentáveis apresentam um aumento em seu valor de mercado.
Esses dados evidenciam uma tendência clara: tanto consumidores finais quanto empresas estão valorizando cada vez mais a sustentabilidade em suas decisões de compra e parceria.
O aumento do e-commerce também é uma tendência que exige atenção, especialmente com a demanda por embalagens mais compactas e uma experiência de compra mais focada no consumidor.
A tecnologia tem desempenhado um papel cada vez mais importante na melhoria da eficiência operacional e na redução de desperdícios. A adoção de soluções como automação, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) na manufatura é um movimento que vem ganhando força. Essas ferramentas permitem otimizar processos, aumentar a produtividade e reduzir custos, além de aliviar a pressão pela escassez de mão de obra qualificada.
O uso dessas tecnologias na produção também contribui para a melhoria da qualidade do produto final, minimizando falhas operacionais e aumentando a competitividade do setor. Mais do que uma tendência, a digitalização das operações é uma necessidade para as empresas que buscam se manter competitivas e alinhadas com as demandas do mercado.
A inovação na indústria de papel tissue vai além das tecnologias aplicadas à produção. Ela se estende ao modelo de negócios, às práticas ambientais e ao relacionamento com os consumidores. O crescimento do e-commerce e dos marketplaces exige uma repensada na logística e nas embalagens, buscando soluções que ofereçam mais eficiência e agilidade.
O que ficou claro no Tissue Summit é que as empresas precisam ser inovadoras não apenas em seus processos, mas também em sua forma de se posicionar no mercado. A resiliência, por sua vez, será definida pela capacidade de se adaptar rapidamente a essas mudanças e de atender com excelência às novas demandas do consumidor.
Em um cenário cada vez mais complexo e competitivo, os fabricantes de papel tissue que conseguirem alinhar inovação, sustentabilidade e eficiência operacional terão mais chances de prosperar. Com a adoção de práticas responsáveis e a integração de novas tecnologias, a indústria se prepara para continuar evoluindo, acompanhando as mudanças do mercado e antecipando as necessidades de um público cada vez mais exigente.