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O consumo de papel tissue no Brasil – qual nossa contribuição e responsabilidade? e586g

Por Mauro Luna, Managing Director LATAM para Valmet Tissue Converting 25701o

Nota do autor: Esta coluna foi escrita por um fabricante de máquinas na cadeia produtiva e não por um produtor ou convertedor de papel. É o ponto de vista de quem está no meio do processo.   6c2g2m

O mercado de papel tissue tem apresentado um crescimento estável nos últimos anos no Brasil e na América Latina, mas todos nós sabemos que ainda estamos longe do consumo per capita de outros países da região e de continentes mais desenvolvidos, como a Europa e os Estados Unidos. Enquanto no Brasil temos um mísero consumo anual de 6kg/por habitante de produtos tissue, nossos hermanos chilenos já estão chegando a 10kg/por habitante, os italianos a mais de 15kg/por habitante e os americanos a 25kg/por habitante. 

Com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, já chegaram a imaginar como seria o crescimento desse mercado se pudéssemos influenciar e aumentar o consumo em apenas 1kg ou 2kg por habitante? Toda nossa cadeia seria positivamente e consideravelmente impactada. E por que será que isso não acontece e esses números se mantém estáveis por tanto tempo? Será que nós, responsáveis pelo segmento, podemos fazer algo para contribuir nessa direção?  

Para que isso aconteça, devem ser impulsionadas mudanças nos hábitos de consumo e promovida uma crescente conscientização sobre a higiene e o bem-estar. No Brasil e na América Latina, esse segmento apresenta um potencial ainda maior, considerando a urbanização crescente e a demanda por produtos de qualidade. 

Outro fator que não pode ser esquecido é a economia, já que uma população sem dinheiro não tem como mudar hábitos e buscar produtos de qualidade, pois não pode pagar por isso. Desse modo, saneamento básico também é fundamental, caso contrário fica difícil pensar em higiene. Infraestrutura para garantir logística e disponibilidade também é essencial, tendo em vista que em um país de proporção continental não é fácil garantir que o produto chegue nas mãos do consumidor. 

Com tantos contras e poucos prós, é natural que pensemos que nossa influência no tema seja pequena e só nos resta esperar por um milagre econômico que ajude o país crescer em níveis muito maiores e que os governos acordem para o tema de infraestrutura, mudando os hábitos. Será mesmo? Quantos de nós estaremos aqui ainda quando essa hora chegar? Se é que chegará. 

Por outro lado, somos uma indústria muito moderna para simplesmente aguardar e jogar a culpa nos outros. Temos no país grupos multinacionais com referências globais, temos empresas regionais familiares que durante anos investiram em qualidade e profissionalismo nas suas indústrias e hoje possuem produtos de alta qualidade para competir em qualquer mercado, temos fabricantes de equipamentos e soluções na cadeia de produção de nível internacional, que disponibilizam tecnologia de última geração para produção de diferentes tipos de produtos finais e por fim – mas não menos importante – geramos riqueza e trabalho para inúmeros colaboradores no segmento.  

Com todas essas características positivas, e se considerarmos que o principal fator para o crescimento de consumo deve ser mesmo a mudança de hábito e cultura, será que todos juntos podemos influenciar de alguma forma? 

Seria utopia demais imaginar que se juntarmos nossas forças podemos criar campanhas de conscientização para a população voltadas ao uso de produtos tissue e seus benefícios? Teriam que ser campanhas sem marcas, sem nomes de fabricantes ou produtos, apenas focadas em informar os consumidores sobre a importância da escolha de soluções sustentáveis e de qualidade, com conscientização para destacar os benefícios de produtos que utilizam recursos renováveis.  

Nesta semana, estarei presente no Tissue Summit Brasil, em São Paulo, e gostaria de ouvir a opinião dos leitores a respeito deste assunto. É apenas uma ideia inicial, que certamente deve ser muito bem elaborada e estruturada para começar a projetar sua viabilidade e possíveis resultados. O importante é que tenhamos agentes dispostos para desenvolver mais o tema e canais com competência para promovê-lo. Me procure durante o evento e compartilhe sua ideia! 

Decerto o futuro do consumo de papel tissue no Brasil pode ser promissor, impulsionado por uma combinação de fatores sociais, econômicos e ambientais. Os produtores que se adaptarem a essas mudanças e investirem em práticas sustentáveis e inovação estarão mais bem posicionados para prosperar nesse mercado em crescimento. A capacidade de influenciar o comportamento do consumidor e atender às suas expectativas será fundamental para o sucesso a longo prazo. 

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Mauro Luna j1i6

Aos 57 anos, Luna soma mais de 35 anos de experiência no mercado industrial, em empresas como Voith, Falk, SKF e Valmet, exercendo cargos na área comercial e em posições de gestão de negócios. Há cerca de seis anos na Valmet, ou os primeiros quatro anos na Itália – ainda como Fabio Perini e depois Körber – como diretor global de vendas. Além disso, possui experiências profissionais nos EUA e no Peru.
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